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Do Jornalismo Datilografado ao Digital: Uma Jornada Sem Ctrl+C, Ctrl+V

  • Foto do escritor: Marcelo Damasceno
    Marcelo Damasceno
  • 23 de fev.
  • 2 min de leitura


Por Marcelo Damasceno – Petrolina, PE


Uma vida inteira separa o jornalismo de hoje da era da datilografia rude, sem atalhos, sem "copiar e colar", sem o conforto da internet para consultas instantâneas. Não havia Google para plágios, nem imagens prontas, nem áudios compartilháveis em um clique. As redações eram diferentes: apertadas, impregnadas pelo cheiro do óleo queimado das off-sets nas gráficas vizinhas.


A ortografia não era corrigida por algoritmos; a revisão vinha no "esporro do gerente de jornalismo", e se um erro escapasse, não havia como corrigir o impresso que já estava nas bancas ou nas mãos dos assinantes. Nas rádios, o império do papel carbono garantia que o mesmo texto chegasse em várias vias: para o chefe, para o operador de áudio, para o locutor – que, muitas vezes, tinha pouca instrução formal, mas era a voz que ecoava as manchetes do dia.


Esse era o jornalismo sem jornalistas formados. Até que, em 1966, o Brasil viu surgir sua primeira escola de ensino superior de Jornalismo, profissionalizando a imprensa. Mas, antes disso, Raymundo Faoro, Cláudio Abramo, Roberto Marinho, Nelson Rodrigues e tantos outros escreviam à máquina, com o cheiro de cigarro impregnado nas gravatas puídas, sem precisar de Wi-Fi, sem chefes "conectados na tomada".


O jornal O Carapuceiro, pioneiro na imprensa brasileira, já fazia provocações em meados do século XIX. Décadas depois, O Jornal do Brasil rasgava as madrugadas com seus editores de gramática impecável e editoriais que sangravam nas páginas. A notícia chegava como um pau de arara, carregando a realidade nua e crua de um país em transformação.


Hoje, o jornalismo é instantâneo, digital, global, mas a essência continua a mesma: falar, questionar, incomodar, informar. A diferença? Agora, com um Android na mão e a história a um clique de distância.


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