Equador escolhe novo presidente em eleição acirrada entre direita e esquerda, em meio a estado de exceção
- Marcelo Damasceno
- 13 de abr.
- 2 min de leitura

Neste domingo (13), o Equador realiza o segundo turno das eleições presidenciais em um clima de forte tensão política e social. Os candidatos Daniel Noboa, atual presidente de centro-direita, e Luisa González, da esquerda e aliada do ex-presidente Rafael Correa, disputam voto a voto a presidência de um país mergulhado em crise econômica, violência generalizada e polarização política.
Quase 13,7 milhões de eleitores estão aptos a votar entre as 7h e 17h (horário local), sob um clima de estado de exceção, decretado por Noboa na véspera da eleição, que afeta sete províncias, Quito e o sistema prisional. O decreto tem como justificativa o combate à violência impulsionada pelo narcotráfico, que transformou o país em uma rota estratégica para o tráfico de drogas internacional.
As pesquisas mostram empate técnico. Segundo a Comunicaliza, Noboa aparece com 50,3% dos votos válidos, contra 49,7% de González. Já a Telcodata aponta vantagem para González: 50,2% contra 49,8%. Ambas estão dentro da margem de erro e indicam um cenário indefinido até a apuração final.

Luisa González, de 47 anos, é advogada e candidata pelo movimento Revolução Cidadã, prometendo políticas sociais, segurança com respeito aos direitos humanos e um Estado mais forte. Se eleita, será a primeira mulher a chegar à presidência do Equador pelas urnas. Noboa, de 37 anos, herdeiro de um império bananeiro e empresário milionário, venceu uma eleição extraordinária em 2023 e tenta agora um mandato completo de quatro anos. Apesar de se definir de centro-esquerda, seu governo tem perfil liberal e linha dura no combate ao crime.
O Equador enfrenta severas crises simultâneas: crescimento da violência ligada ao narcotráfico, colapso no sistema penitenciário, pobreza crescente, desemprego elevado e uma dívida pública que alcança 57% do PIB. O país, dolarizado e situado entre os dois maiores produtores de cocaína do mundo, Colômbia e Peru, tornou-se um dos principais corredores do tráfico internacional.
Noboa tem usado a imagem de “mão de ferro” para fortalecer sua popularidade, aparecendo em operações militares e usando colete à prova de balas. Em contrapartida, organismos internacionais alertam para violações de direitos humanos em sua gestão.

Luisa González, por sua vez, promete recuperar o papel do Estado no desenvolvimento social e econômico, retomando políticas do período de Rafael Correa (2007-2017), de quem é a sucessora política. Correa vive exilado na Bélgica e é alvo de um mandado de prisão no Equador, após ser condenado por corrupção — acusação que ele nega.
Os analistas apontam que a eleição é uma das mais decisivas da história recente do Equador e pode marcar a permanência ou o enfraquecimento do chamado “correísmo”, corrente política liderada por Correa. Segundo o cientista político Simón Pachano, “se o correísmo não vencer desta vez, dificilmente continuará relevante por muito tempo”.
Com o país dividido, cresce a expectativa e a preocupação com os rumos democráticos e institucionais da nação.
Fonte: G1
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