João Barracão e Simão Durando: dois prefeitos que moldaram Petrolina com sensibilidade social e visão de futuro
- Marcelo Damasceno
- há 5 dias
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Petrolina, hoje uma potência agrícola no cenário nacional, tem sua história marcada por líderes que ousaram sonhar quando o futuro ainda era incerto. Dois nomes que se destacam nessa trajetória são João Barracão (1947–1951) e Simão Durando (1971–1975), gestores que imprimiram em suas administrações uma visão social, educativa e cultural à frente do seu tempo.
Nos anos 1940 e 1950, a cidade ainda era limitada ao ciclo econômico do couro animal, dependente da ferrovia federal e do comércio fluvial no Rio São Francisco. Foi nesse contexto que o baiano João Barracão, movido pela intuição comercial e por um olhar sensível para a população, investiu na educação e em obras estruturais voltadas à mobilidade, deixando marcas profundas no desenvolvimento urbano e humano da cidade.
Duas décadas mais tarde, em pleno regime militar, outro nome se destacaria. Simão Durando, professor e homem de letras, imprimiu à sua gestão um conteúdo cultural robusto, articulando literatura, antropologia e planejamento urbano. Nessa época, Petrolina era sacudida pelos ventos do progresso impulsionados pela ascensão da família Coelho ao Governo de Pernambuco, com Nilo Coelho governador em 1967, e pelos primeiros testes de irrigação em Bebedouro, que dariam início à revolução agrícola no Vale do São Francisco.
Durando comandou o município justamente quando o parque industrial ganhava forma e os investimentos em irrigação se consolidavam como pilares de uma nova economia. Sob sua gestão, o Plano Diretor idealizado por Luiz Augusto Fernandes (prefeito entre 1961 e 1964) encontrava o terreno fértil para sair do papel. Era o nascimento de uma Petrolina moderna, urbanizada e conectada com Brasília por meio dos projetos federais do Novo PAC da época, ainda sob outras denominações.
Ambos os prefeitos, apesar de não pertencerem à tradicional família Coelho, estabeleceram estilos de governo marcados pela humanização da gestão pública, com foco na educação, cultura e cidadania. Suas trajetórias representam um elo simbólico entre a vocação comercial de João Barracão e o salto de qualidade de vida promovido por Simão Durando.
Ao fim da década de 1970, a polarização política entre Barracão e a família Coelho daria lugar à chegada do MDB, com nomes como Marcos Freire e Jarbas Vasconcelos, reconfigurando o cenário político local e ampliando o diálogo com a esfera federal.
Do comércio sonhado por Barracão ao urbanismo cultural de Simão Durando, Petrolina consolidava seus traços futuristas e sua ligação com os grandes projetos nacionais.
Por Marcelo Damasceno – Petrolina (PE)
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